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Sono e Direção
Direção e sono não combinam!

A frase “sono pode matar”, pode ser familiar para algumas pessoas. O cansaço é inimigo invisível dos motoristas brasileiros, causando 42% dos acidentes que ocorrem todos os anos no trânsito, segundo pesquisa de 2019 da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (ABRAMET), Academia Brasileira de Neurologia (ABN) e o Conselho Regional de Medicina (CRM). Para se ter uma ideia, dirigir com sono ou sinais de fadiga é considerada uma prática tão perigosa quanto dirigir alcoolizado ou sob o efeito de substâncias estimulantes.

De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a taxa de acidentes causados por sono pode ser maior, já que nem todos os motoristas admitem isso durante as investigações. Sendo assim, o índice é uma estimativa baseada em relatos de testemunhas e o cenário do acidente. O motorista cansado demora mais a identificar uma situação de risco e reagir. Em muitos casos, quando dorme ao volante, sequer reage. São comuns os acidentes sem marca de frenagem. As consequências são dramáticas, pois quanto maior a velocidade maior o risco de vítimas fatais.

No geral, ocorrências causadas pela sonolência acontecem durante os horários em que normalmente o motorista estaria dormindo, portanto, principalmente à noite, e envolvem situações monótonas como estradas vazias e silenciosas.

A ABRAMET classifica os motoristas em grupos de risco com maior chance de envolvimento em acidentes de trânsito causados por sonolência. São eles: jovens com até 25 anos, pois costumam dirigir à noite após muitas horas sem dormir; motoristas profissionais pelos longos períodos ao volante e os trabalhadores do período noturno.

Muitas são as razões para que essa fatalidade ocorra, porém dentre as principais estão a privação de sono e um distúrbio respiratório do sono chamado  apneia obstrutiva do sono (AOS), que é uma doença crônica, progressiva, onde o paciente tem pausas na respiração enquanto dorme causadas pelo bloqueio da passagem de ar na região da garganta, na maioria das vezes acompanhadas de um ronco alto e frequente, seguido de engasgos. Em casos graves podem ocorrer até centenas de vezes por noite. É uma doença extremamente prevalente que acomete cerca de 1/3 da população adulta, segundo estudo Episono na cidade de São Paulo, e a grande maioria não sabe que possui. Já é sabido que a  prevalência da apneia do sono na população em geral é alta, mas esse número varia dependendo também do perfil do estudo feito, de 3% (estudos mais antigos) a 30% (estudos mais recentes) sendo mais comum nos homens; porém também há estudo mostrando que entre a população dos motoristas profissionais essa percentagem atinge cerca de 20%, mostrando-se ainda maior em outras pesquisas.

As consequências da apneia do sono são potencialmente graves e mortais, e vão além do risco aumentado de acidentes com veículos, o que reforça a necessidade de ser diagnostica e tratada o quanto antes.

A apneia do sono pode agravar ou causar:

  • Doenças cardiovasculares (Insuficiência cardíaca, batimentos cardíacos irregulares (arritmia), infarto; hipertensão);
  • Diabetes;
  • Acidente Vascular Cerebral (Derrame);
  • Enxaqueca;
  • Distúrbios cognitivos como dificuldade de memória, concentração e atenção;
  • Ganho de peso;
  • Demência (Mal de Alzheimer);
  • Depressão, e outras.

Segundo artigo Obstructive sleep apnea syndrome in truck drivers, publicado em 2009 pelo site Scielo em https://www.scielo.br/pdf/jbpneu/v35n6/v35n6a02.pdf , em um estudo realizado no Brasil, observou-se que 7,6% dos acidentes com motoristas interestaduais ocorreram devido à sonolência excessiva, o que ilustra a associação entre sonolência e acidentes comumente observada em diversas categorias profissionais. Hábitos inadequados de sono ou distúrbios de sono propriamente ditos, decorrentes da privação de sono, podem causar sonolência excessiva. Dentre os distúrbios de sono que levam à sonolência, o mais prevalente entre a categoria de motoristas profissionais é a síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS). Há estudos nos quais uma prevalência de 46% de apneia do sono moderada ou grave foi observada na categoria de motoristas profissionais. No Brasil, um estudo com motoristas de ônibus revelou que 60% apresentam pelo menos uma queixa ou problema de sono.

Para diagnóstico da apneia do sono, o exame de polissonografia é considerado padrão ouro para avaliar o sono do indivíduo, além de um exame clínico detalhado e um exame físico. A Polissonografia é um exame realizado por uma noite inteira, onde o paciente é monitorado, tendo ao final da noite de sono um parâmetro geral das condições do indivíduo (análise respiratória, cardíaca, padrão neurológico e neuromuscular).Porém, a polissonografia tipo 1, no laboratório do sono, é um exame de difícil acesso, e de alto custo, o que impacta no baixo número de motoristas em tratamento, por não terem acesso ao diagnóstico.

Já há disponível no mercado uma opção mais acessível e simplificada para a avaliação de apneia do sono. O Exame do Sono Biologix, que é uma polissonografia tipo 4, com canais de saturação de O2, frequência cardíaca, actimetria e ronco (usando o microfone do celular) um exame para ser realizado em casa, simples e fácil de usar. Usado por profissionais da saúde para diagnóstico e acompanhamento do tratamento da apneia do sono.  Na hora de dormir, basta colocar o sensor no dedo e iniciar o exame no App Biologix. Ao acordar clicar em concluir exame e imediatamente o resultado estará disponível no portal de exames. O Exame do Sono Biologix, é um exame mais resumido e específico para o diagnóstico de Apneia do Sono, mais fácil de realizar, e por isso tem se tornado cada vez mais popular. Talvez seja a forma mais viável de aumentar o número de motoristas diagnosticados e tratados.

A oximetria noturna tem sido considerada por grandes transportadoras, para identificar, diagnosticar e consequentemente tratar os seus motoristas com apneia do sono. Melhorando dessa forma o seu bem-estar e produtividade, fazendo com que seu funcionário trabalhe com mais qualidade de vida, e reduzindo o risco de acidentes.

Na tentativa de tornar acessível o diagnóstico e tratamento da apneia do sono, a resolução 267 do Contran de 15 fevereiro de 2008, coloca a polissonografia como um dos exames indicados à classe C, D e E dos motoristas brasileiros, aos candidatos que que apresentarem escore na escala de sonolência de Epworth maior ou igual a 12 (> 12) e/ou que apresentar dois ou mais indícios objetivos de distúrbios de sono, ficando a solicitação à critério do médico.

Pacientes diagnosticados, quando tratados com sucesso, relatam uma grande mudança na qualidade de vida, o que reflete em uma direção melhor e menos acidentes. O Tratamento padrão ouro para apneia do sono, é a terapia do sono com pressão positiva (CPAP). O CPAP, uma sigla em inglês para “Continuous Positive Airway Pressure” que traduzindo significa Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas, é usado com uma máscara que está ligada através de uma mangueira a um pequeno compressor de ar. É a opção mais recomendada para tratar apneias moderadas e graves, e é possível dormir com o CPAP e ter noites confortáveis, com melhoras significativas na qualidade de vida em pouco tempo.

Segundo o artigo Sleep apnea-related risk of motor vehicle accidents is reduced by continuous positive airway pressure: Swedish Traffic Accident Registry data, publicado em 01 de março de 2015, pelo site https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4335527/, após o tratamento com CPAP a queda dos acidentes foi muito significativa. O tratamento bem-sucedido da apneia do sono melhora o desempenho do motorista. Os médicos devem educar seus pacientes com apneia do sono sobre a importância da adesão ao tratamento para a segurança na direção.

Ainda segundo estudo descrito no artigo Excessive daytime sleepiness increases the risk of motor vehicle crash in obstructive sleep apnea, publicado em 15 de outubro de 2013 pelo site https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3778172/ , pacientes com apneia do sono não tratada, tem 7 vezes mais risco  de sofrer acidente de trânsito, e ainda maior probabilidade desses acidentes causarem lesões graves.

Portanto, não deixe que o sono, ou a falta dele, coloque em risco sua vida, a de seus familiares ou de terceiros. Você pode fazer a sua parte incorporando algumas medidas na sua rotina. Essas práticas são ideais para reduzir a imprudência e diminuir o número de acidentes:

  • Antes de viajar procure dormir bem, evite dirigir à noite, especialmente entre as 2h e as 6h da manhã;
  • Nunca viaje cansado, e jamais determine um horário para a chegada, isso provoca estresse e cansaço;
  • Evite dirigir mais que 8 horas por dia;
  • Planeje as paradas, quem dirige por horas a fio sem intervalo, pode ficar com sono. e tem sua capacidade de reação reduzida em momentos de perigo;
  • Descanse 15 minutos a cada 2 horas de direção, para esticar as pernas  e os braços e lavar o rosto, além de fazer com que o sangue volte a fluir pelo corpo, o alongamento ajuda a revitalizar o motorista e o deixa mais alerta para seguir o longo caminho em frente;
  •  Em viagem prefira alimentos leves: Comidas saudáveis são essenciais para a vida de todo motorista, pois alimentos pesados e gordurosos demoram a ser digeridos e acabam causando certa sonolência;
  • Música ajuda a se manter alerta;
  • Evite viajar sozinho;
  • Reveze com outro motorista a condução do veículo;
  • Pare sempre que sentir cansaço e durma se puder, não tente lutar contra o sono.
  • Não beba nem tome remédios que afetem os sentidos.

 A adoção de bons hábitos e um estilo de vida mais saudável é determinante para uma boa direção, especialmente para motoristas profissionais.  Caso persistam os distúrbios do sono é preciso procurar um especialista, e fazer um exame do sono para diagnosticar o problema e buscar um tratamento.

Ainda vale relembrar que dirigir com sono não deve ser alternativa!!!

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