Os distúrbios do sono provocam diversas consequências na vida das pessoas por diminuir sua produtividade diária, aumentar os riscos a adquirir distúrbios psiquiátricos, déficits cognitivos, surgimento e agravamento de problemas de saúde, riscos de acidentes de tráfego, absenteísmo no trabalho, enfim, por comprometer a qualidade de vida, com diferentes desdobramentos a curto, médio e longo prazo.
O sono é uma função biológica fundamental na consolidação da memória e na conservação e restauração da energia e do metabolismo. Devido a essas importantes funções, as perturbações do sono podem acarretar alterações significativas no funcionamento físico, ocupacional, cognitivo e social do indivíduo, além de comprometer substancialmente a qualidade de vida.
O sono varia ao longo da vida dos indivíduos. As variações na quantidade de sono são maiores durante a infância, decrescendo de 16 horas por dia, em média, nos primeiros dias de vida, para 14 horas ao final do primeiro mês e 12 horas no sexto mês de vida. Depois dessa idade o tempo de sono da criança diminui 30 minutos ao ano até os cinco anos. Na vida adulta decresce a quantidade e varia o ciclo do sono em função da idade e de fatores externos. Com o avanço da idade, ocorrem perdas na duração e manutenção do sono. A dor, o uso de medicações e diferentes condições clínicas são exemplos de fatores que podem afetar a quantidade e a qualidade do sono, especialmente entre idosos, que são mais propensos a ter distúrbios do sono.
Nas sociedades industrializadas, a necessidade fisiológica do sono é muitas vezes confrontada por questões sociais, culturais e econômicas, que implicam maior quantidade de horas de vigília. Por exemplo, temos o trabalho de turnos, que surgem para suprir alguma demanda da sociedade nas 24 horas do dia.
O trabalho em turnos não favorece apenas o surgimento de transtornos do sono, mas também o aumento da sonolência diurna e diminuição dos estados de alerta do indivíduo.
Falaremos dos dois distúrbios do sono mais frequentes na população em geral e suas implicações sobre os comportamentos, a rotina diária e a qualidade de vida das pessoas portadoras dessa condição.
INSÔNIA
A insônia é uma condição debilitante caracterizada pela dificuldade em iniciar o sono ou em mantê-lo ou pela má qualidade do sono, apesar da oportunidade adequada para dormir. Para que estes sintomas sejam significativos, devem ocorrer durante, pelo menos um mês e interferirem negativamente nas funções diárias do indivíduo.
A Insónia é uma das perturbações do sono mais frequentes na população adulta, agravando-se com a idade. Esse distúrbio tem como principais sintomas fadiga, sonolência diurna e diminuição do desempenho cognitivo.
As causas da insônia estão relacionadas à: Fatores psicológicos (emoções, conflitos, situações de crise e estresse); Fatores médicos-psiquiátricos: doenças neurológicas, cardiovasculares, respiratórias e psiquiátricas como depressão e ansiedade.
Fatores ambientais; tais como ruídos, temperatura, luminosidade, condições da cama, colchão e travesseiro e alimentação inadequada próxima ao horário de dormir.
O tratamento da insônia tem como objetivo, melhorar a qualidade e quantidade de sono e diminuir ou cessar sintomas diurnos relacionados. Em quadros leves o problema pode ser resolvido com intervenções voltadas para a higiene do sono e terapias comportamentais.
Em alguns casos mais graves é necessário o uso de medicações que devem ser administradas adequadamente e por um período curto, se possível.
APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO
A apneia obstrutiva do sono é associada com ronco. O ronco é o ruído causado pela vibração das estruturas flácidas nas vias aéreas superiores, devido a seu estreitamento, que ocorre habitualmente durante a inspiração O ronco pode acontecer em todos os estágios do sono, mas em especial durante o sono NREM.
A apneia do sono é caracterizada por ruídos e interrupções na respiração que se repetem, no mínimo, cinco vezes num período de 60 minutos. Não se trata de um simples ronco. Na apneia, a barulheira noturna é entrecortada por engasgos — e o duro é que muitas vezes o indivíduo nem os percebe enquanto dorme. Essas pequenas pausas na entrada de ar chegam a diminuir a concentração de oxigênio no sangue.
É daí que derivam as consequências mais sérias do distúrbio. A redução de oxigênio ataca o sistema nervoso, que eleva o ritmo dos batimentos cardíacos e estimula a contração dos vasos sanguíneos. E, com o tempo, isso se perpetua ao longo do dia. Daí o fato de a apneia do sono ser considerado um fator de risco para pressão alta e arritmia cardíaca.
Portadores de apneia costumam apresentar hipersonolência diurna resultante de microdespertares durante o sono, que aumenta a suscetibilidade a acidentes. Em crianças, provoca a diminuição do aprendizado e o aumento de distúrbios comportamentais.
É importante, portanto, ao sentir que a qualidade de seu sono está sendo prejudicada por algum distúrbio, que a pessoa procure resolvê-lo. A polissonografia, exame que monitora os pacientes enquanto estão, permite diagnosticar a apneia do sono com precisão.
O tratamento indicado para a síndrome da apneia obstrutiva do sono deve ter como objetivo a eliminação dos eventos respiratórios obstrutivos e com isso restaurar o padrão de sono normal e a adequada oxigenação arterial.
A maioria dos distúrbios do sono não é detectada e tratada porque, em geral, as pessoas desconhecem que essa condição é clínica e tratável. Talvez em função desse desconhecimento, o paciente também deixa de relatar problemas de sono durante as consultas médicas, dificultando o acesso do profissional às informações que permitiriam o diagnóstico e o tratamento.
As consequências dos distúrbios do sono são fortemente relacionadas à qualidade de vida das pessoas que sofrem desse mal, além das questões econômicas e de saúde, como o aumento de hospitalizações, do absenteísmo, de riscos de acidentes de trânsito e de desenvolvimento de distúrbios mentais. Os problemas relacionados ao sono, são considerados uma epidemia que necessita de mais informações, cuidado profissional e inovação tecnológica para que possam ser solucionados.
IMPORTANTE: Somente médicos e cirurgiões-dentistas devidamente habilitados podem diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios. As informações disponíveis neste blog possuem apenas caráter educativo.