A fibrilação atrial (FA) é a forma mais comum de arritmia cardíaca com importância clínica, caracterizada pela completa desorganização da atividade elétrica dos átrios. Esta arritmia supraventricular resulta em batimentos atriais desordenados com frequências superiores a 350 batimentos por minuto e perda da contração atrial coordenada.
Mas, antes de explorar a relação existente entre fibrilação atrial e apneia obstrutiva do sono, faz-se necessário uma breve abordagem sobre o funcionamento do coração, o que inclui a frequência de seus batimentos.
Para começar, o coração é composto por 4 câmaras: duas superiores, que são os átrios, e duas inferiores, que são os ventrículos. Em uma situação normal, o coração bate de forma rítmica e sincronizada, sempre seguindo uma sequência de disparos elétricos, que começam nos átrios e descem até os ventrículos.
O normal é que o nosso ritmo cardíaco fique em uma faixa de frequência entre 50 e 100 batimentos por minuto. Claro que pode haver alguma variação, o que não significa, necessariamente, uma doença. O importante é que o batimento sempre esteja ritmado.
Sendo assim, a arritmia cardíaca se refere a um ritmo fora do normal, indicando um problema neste sistema elétrico do coração.
FA: uma doença multifatorial, que pode ou não apresentar sintomas
Em suma, fibrilação atrial é o tipo mais comum de arritmia cardíaca, caracterizada por batimentos rápidos e desorganizados, devido a uma alteração na atividade elétrica dos átrios, que são as câmaras superiores do coração.
Multifatorial, a fibrilação atrial pode ser provocada por inúmeras causas, que vão desde fatores controláveis, como o estilo de vida, até fatores não modificáveis, como envelhecimento, doenças cardiovasculares e predisposição genética.
Como a fibrilação atrial compromete o desempenho do coração em bombear adequadamente o sangue para todo o corpo, o paciente costuma manifestar alguns sintomas, sendo o principal deles a palpitação. No entanto, estima-se que 15 a 30% dos pacientes não apresentam sintomas, sendo os idosos os menos sintomáticos.
Basicamente, existem duas formas de apresentação da fibrilação atrial:
- Totalmente silenciosa: Sem apresentar nenhum sintoma, esta forma de FA pode ser descoberta em um check-up cardiológico. Por isso a importância dos exames de rotina, para que um desfecho cardiovascular grave, como o AVC, não seja a primeira manifestação da doença.
- Associada a sintomas: Neste caso, a FA se apresenta de diversas formas, como palpitações, falta de ar, fadiga, dor no peito, dificuldade para realizar atividades habituais e, eventualmente, tonturas e desmaios.
Possíveis tratamentos para a fibrilação atrial
Estima-se que a prevalência global de fibrilação atrial seja de 60 milhões de indivíduos, sem considerar a significativa porcentagem de casos que permanece sem diagnóstico.
Desta forma, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado da fibrilação atrial são fundamentais para evitar complicações mais graves, como AVC, insuficiência cardíaca e morbidade cardiovascular.
Dentre os tratamentos disponíveis, podemos destacar:
- Tratamento clínico: Com uso de medicamentos antiarrítmicos e/ou anticoagulantes.
- Cardioversão: Por meio de um choque elétrico no coração, cuja descarga tentará reverter a FA.
- Ablação: Minimamente invasivo, este procedimento é feito através de um cateterismo.
É importante ressaltar que, diferentemente de outras formas de arritmia, a fibrilação atrial é uma doença progressiva. Logo, além do diagnóstico precoce e do tratamento adequado, é preciso um acompanhamento contínuo, inclusive com o controle dos fatores subjacentes, como a apnea del sueño, para que não haja o risco de a arritmia voltar.
Relação entre fibrilação atrial e apneia do sono
Conforme já mencionado, fibrilação atrial é a arritmia cardíaca sustentada mais comum.
Já a apneia obstrutiva do sono é o distúrbio respiratório do sono mais comum, caracterizado por paradas repetitivas na respiração durante o sono, que resultam em hipóxia intermitente, fragmentação do sono e aumento da pressão negativa intratorácica.
Mas, existe mesmo uma relação entre essas duas condições?
Estudos mostram que a fibrilação atrial e a apneia obstrutiva do sono apresentam uma relação complexa e bidirecional: a fibrilação atrial pode favorecer o surgimento da apneia obstrutiva do sono, e a apneia obstrutiva do sono pode contribuir para o desenvolvimento da fibrilação atrial.
Dentre os mecanismos pelos quais a apneia obstrutiva do sono pode levar à fibrilação atrial, destacam-se a hipóxia intermitente e o aumento da pressão negativa intratorácica.
A hipóxia intermitente e a consequente hipercapnia podem resultar em disfunção autonômica, com predomínio da atividade simpática, além de inflamação e estresse oxidativo. Esses fatores estão envolvidos no aumento da suscetibilidade a arritmias, como a fibrilação atrial.
Além disso, o aumento da pressão negativa intratorácica, causado pela inspiração forçada para desobstruir as via áreas, pode elevar a pós-carga cardíaca, aumentar o tamanho dos átrios e gerar estresse na parede atrial, o que pode levar à remodelação atrial e predispor o surgimento de arritmias, como a fibrilação atrial.
O grande problema é que, embora a fibrilação atrial seja comum em pacientes com apneia obstrutiva do sono, pacientes submetidos a exames diagnósticos de AOS não são sistematicamente avaliados para a possibilidade de FA.
Pensando em solucionar este problema, a Biologix desenvolveu um novo algoritmo de rede neural, com potencial para detecção de risco de fibrilação atrial em pacientes com suspeita de apneia obstrutiva do sono. E o mais interessante é que ele poderá ser usado tanto na fase de diagnóstico quanto no acompanhamento contínuo.
Novo parâmetro do Exame do Sono Biologix®: risco de fibrilação atrial
Você sabia que pacientes com fibrilação atrial têm duas vezes mais chances de apresentar apneia obstrutiva do sono e que pacientes com distúrbios respiratórios do sono grave têm quatro vezes mais chances de apresentar Fibrilação Atrial?
Após constatar que pacientes submetidos a exames diagnósticos de AOS não costumam ser avaliados para a possibilidade de FA, a Biologix desenvolveu uma nova funcionalidade para o seu exame do sono, que permite detectar o risco de fibrilação atrial em pacientes com suspeita de apneia obstrutiva do sono.
Desenvolvido em duas etapas, este novo algoritmo demonstrou eficácia na detecção do risco de FA, utilizando os intervalos entre batimentos cardíacos tanto do ECG quanto do PPG do sensor Oxistar®.
Alguns destaques do novo parâmetro:
- Detecção do risco de fibrilação atrial combinada com o diagnóstico de apneia do sono no mesmo exame.
- Inovação ao empregar a técnica de fotopletismografia (PPG) para a avaliação do risco de fibrilação atrial, oferecendo uma ferramenta não invasiva e simplificada que facilita o monitoramento dos pacientes durante o sono.
- Performance excelente do algoritmo, com sensibilidade de 92%, especificidade de 98% e acurácia de 93%.
Com a combinação da detecção do risco de FA e do diagnóstico de AOS, o Exame do Sono Biologix® possibilitará ao profissional de saúde oferecer uma abordagem holística no cuidado cardiovascular de seus pacientes, resultando em diagnósticos mais detalhados e tratamentos personalizados.
REFERÊNCIAS:
- Rienstra M, Lubitz SA, Mahida S, Magnani JW, Fontes JD et al. (2012) Symptoms and functional status of patients with atrial fibrillation: state of the art and future research opportunities.
- Boriani G, Laroche C, Diemberger I, Fantecchi E, Popescu MI et al. (2015) Asymptomatic atrial fibrillation: clinical correlates, management, and outcomes in the EORP-AF Pilot General Registry. Am J Med 128 (5): 509-518 e502.
- Gami AS et al. Circulation. 2004;110(4):364-7
- Mehra R et al. Am J Respir Crit Care Med. 2006;173(8):910-6